A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ensino regular é uma responsabilidade que exige adaptação e criatividade por parte dos educadores. 

Como professora de Geografia, tenho buscado maneiras de tornar o ensino mais acessível e significativo para esses alunos, utilizando materiais concretos, sensoriais e recursos visuais que respeitem suas particularidades.

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A adaptação curricular, fundamentada em leis como a Lei Brasileira de Inclusão e a Política Nacional de Educação Especial, é essencial para garantir que o conteúdo seja compreendido e assimilado de forma efetiva. 

Neste texto, compartilho minha abordagem prática para adaptar atividades de Geografia para alunos autistas, abordando desde o planejamento inicial até a execução de atividades com uso de maquetes, aplicativos de realidade aumentada, kits sensoriais e mapas pictóricos. 

Ao final, relato uma experiência pessoal que exemplifica a aplicação dessas estratégias em sala de aula, destacando como essas adaptações podem transformar o aprendizado e promover uma educação inclusiva e de qualidade.

Compreendendo o Perfil do Aluno com Autismo

Em minha experiência como professora de Geografia, percebi que a chave para adaptar atividades para alunos no espectro autista é compreender suas necessidades específicas. 

No processo de análise do estudante, é essencial identificar se há comprometimento cognitivo, pois isso direciona como planejar as estratégias pedagógicas. 

A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) reforçam a importância de oferecer um ensino acessível, garantindo que todos os alunos tenham direito a uma educação de qualidade.

Por isso, ao conhecer o perfil cognitivo e sensorial do aluno, consigo adaptar o conteúdo de Geografia para torná-lo mais acessível e significativo. 

Essa análise é feita em conjunto com a equipe pedagógica e os responsáveis pelo aluno, garantindo que o Plano Educacional Individualizado (PEI) seja efetivo e alinhado às necessidades do estudante.

Utilização de Materiais Concretos e Sensoriais



Quando penso em adaptar atividades de Geografia, o uso de materiais concretos e sensoriais é uma estratégia que sempre me traz resultados positivos.

Alunos com autismo, em muitos casos, respondem melhor a estímulos tangíveis e visuais. Gosto de utilizar maquetes para representar formas de relevo, por exemplo. 

Uma maquete de montanhas e planícies, que os alunos podem tocar e manipular, torna o aprendizado mais real e compreensível.

Além disso, o uso de kits sensoriais, que incluem diferentes texturas e cores, ajuda a manter o foco do aluno e facilita a assimilação dos conceitos geográficos. 

Aplicativos de realidade aumentada também são ferramentas poderosas, pois permitem que os alunos visualizem o que estão estudando de forma interativa e imersiva. 

Esse tipo de material é especialmente útil para alunos que têm dificuldade em abstrair informações de mapas tradicionais.

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Adaptação de Mapas e Materiais Pictóricos

A adaptação de mapas e a utilização de materiais pictóricos são fundamentais na minha prática. 

Alunos no espectro autista frequentemente se beneficiam de recursos visuais claros e bem delineados. 

Gosto de criar mapas pictóricos, que usam símbolos e cores diferenciadas para representar informações geográficas, tornando o conteúdo mais acessível. 

Por exemplo, ao trabalhar com mapas de vegetação, utilizo figuras de árvores e plantas reais, em vez de apenas símbolos abstratos, para que os alunos façam conexões mais diretas com o que estão aprendendo. 

A inclusão de legendas simplificadas e cores contrastantes ajuda a evitar a sobrecarga sensorial e facilita a interpretação do mapa. 

Esse tipo de material é planejado com cuidado, sempre levando em consideração as diretrizes do PEI e as necessidades específicas do aluno, conforme determinado em reuniões com a equipe da sala de recursos multifuncional.

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PEI Como ferramenta de suporte e planejamento 

O Plano Educacional Individualizado (PEI) é uma ferramenta fundamental para garantir a inclusão de alunos com necessidades educacionais específicas, como aqueles no espectro autista, no ambiente escolar. 

Ele é embasado pela Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), que assegura a educação inclusiva como um direito de todos, independentemente de suas particularidades.

 O PEI é um documento personalizado que orienta as práticas pedagógicas, considerando as habilidades, dificuldades e potencialidades de cada aluno. 

Ele deve ser elaborado com a colaboração de toda a equipe pedagógica, incluindo professores, coordenadores e profissionais de apoio, além de contar com a participação ativa da família. 

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Esse plano orienta o professor a desenvolver estratégias de ensino adaptadas, materiais acessíveis e a ajustar o currículo para atender às necessidades individuais do aluno. 

Para os educadores, é imprescindível conhecer e aplicar o PEI, pois ele não apenas direciona o ensino de forma mais eficaz, mas também assegura que o aluno receba o apoio necessário para desenvolver suas competências e participar plenamente das atividades escolares. 

A implementação do PEI reflete um compromisso com a inclusão e com a promoção de uma educação que respeita e valoriza a diversidade dos alunos.

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Identificar potencialidades e dificuldades do aluno com autismo

Identificar as potencialidades e dificuldades de alunos com espectro autista é essencial para criar um ambiente de aprendizagem inclusivo e eficaz. 

Para isso, o professor deve adotar uma abordagem observacional que vá além do desempenho acadêmico, focando em como o aluno se comporta em diferentes contextos.

 Por exemplo, um aluno pode mostrar grande habilidade em atividades que envolvem padrões e lógica, como quebra-cabeças ou cálculos matemáticos, mas ter dificuldades em interações sociais durante atividades em grupo. 

Observar como o aluno lida com essas situações, como transições entre atividades ou momentos de maior estímulo sensorial, pode revelar tanto suas forças quanto suas áreas de desafio.

Manter registros diários é uma prática recomendada, onde o professor pode anotar, por exemplo, que o aluno se engaja profundamente em tarefas que exigem concentração individual, mas se desconcentra facilmente em ambientes barulhentos. 

Esses registros podem incluir detalhes sobre quais tipos de atividades o aluno prefere ou evita, como ele responde a diferentes estímulos sensoriais, e como sua interação com os colegas evolui ao longo do tempo. 

Ferramentas como listas de comportamentos e habilidades podem auxiliar na organização dessas observações.

Colaborar com outros profissionais da escola, como psicólogos e terapeutas ocupacionais, também é fundamental. 

Eles podem oferecer informações sobre o desenvolvimento do aluno, ajudando a identificar, por exemplo, uma habilidade excepcional em memorização visual, mas uma dificuldade em compreender instruções verbais complexas. 

Essas informações são valiosas para adaptar as atividades, de modo a valorizar as habilidades do aluno e fornecer suporte nas áreas em que ele enfrenta mais desafios, promovendo um aprendizado equilibrado e satisfatório.

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Relato Pessoal: Adaptando o Currículo de Geografia na Prática

Em vários momentos da minha carreira, tive que me reinventar para adaptar o conteúdo para alunos com autismo, deficiência intelectual e outras condições mentais. 

No geral sempre tento reduzir e simplificar termos. Lembrando que o adaptação é feita com exclusividade para cada caso, ou seja, não tem como eu "padronizar" a forma como vou abordar determinado conteúdo. 

Então vamos para a parte prática. Se eu tenho um aluno com autismo e preciso trabalhar a habilidade EF06GE01 que consiste em comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos, sabendo que o aluno não desenvolveu a fluidez na leitura, vou trazer imagens do mesmo lugar em tempos diferentes, para que esse estudante possa analisar e identificar as modificações na paisagem. 

Outra possibilidade para a mesma habilidade é propor uma atividade prática, onde o aluno pode ser orientado a fotografar paisagens do seu entorno e aprofundar uma pesquisa para saber como esses espaços foram modificados.

Então deu para perceber que não existe uma "fórmula mágica" tudo vai depender das potencialidades do estudante. E cabe ao professor juntamente com a equipe de sala de recursos, promover atividades adaptadas.

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Ao longo deste texto, explorei a importância de adaptar atividades de Geografia para alunos do espectro autista, destacando a necessidade de um planejamento individualizado, como o PEI, e o uso de materiais concretos que facilitem a compreensão e o engajamento desses estudantes. 

A identificação das potencialidades e dificuldades dos alunos é imprescindível  para a criação de um ambiente de aprendizado inclusivo, que valoriza suas habilidades e oferece suporte onde for necessário.

Ferramentas como registros diários, observações em diferentes contextos e a colaboração com outros profissionais são essenciais para essa análise. 

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No final, o objetivo é sempre proporcionar um aprendizado que respeite as particularidades de cada aluno, e também o desafie e o estimule a alcançar seu máximo potencial.

Como educadores, é nosso papel garantir que todos os alunos, independentemente de suas características individuais, tenham acesso a um ensino de qualidade. 

A pergunta que fica é: estamos realmente preparados para adaptar nossas práticas pedagógicas de forma a atender plenamente as necessidades dos alunos do espectro autista em nossas salas de aula?