Oi, professor(a)! Hoje vamos falar sobre como fazer uma adaptação curricular com os objetivos e conteúdos escolares para estudantes que não conseguem acessar o currículo comum, mesmo com todos os apoios disponíveis.
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Essa situação desafia muitos educadores que desejam garantir inclusão escolar de verdade, mas não sabem como transformar diagnósticos complexos em propostas pedagógicas adaptadas.
Talvez você já tenha sentido angústia ao perceber que, apesar de diferentes estratégias de ensino, algumas crianças e adolescentes permanecem sem vínculo efetivo com as atividades escolares.
Além disso, a insegurança jurídica e o receio de críticas tornam esse processo ainda mais delicado.
Mas saiba que existe respaldo legal, fundamentos teóricos e caminhos práticos que podem ajudar você a construir percursos de aprendizagem diferenciados, respeitando cada estudante em sua singularidade. Vamos começar!
Quando aplicar o currículo adaptado e individualizado?
Para muitos alunos com deficiência, pequenas adaptações já possibilitam acesso ao currículo comum. No entanto, existem situações em que nem mesmo essas estratégias são suficientes para garantir a aprendizagem.
Essa medida de reorganização completa só deve ser utilizada quando, após avaliação detalhada, fica comprovado que não há possibilidade real de acompanhar conteúdos acadêmicos, mesmo com flexibilizações e recursos especializados.
Entre os casos mais frequentes em que essa reorganização integral se torna necessária, estão:
- Deficiências múltiplas severas, que comprometem profundamente funções cognitivas, motoras e sensoriais.
- Transtorno do Espectro Autista em nível 3, com ausência de comunicação funcional e dependência integral para todas as atividades.
- Condições genéticas associadas a comprometimento intelectual profundo e baixa responsividade a estímulos pedagógicos.
Se você quer entender como transformar essas necessidades em práticas concretas, continue acompanhando: logo mais, trago exemplos de objetivos e atividades específicas.
O que significa adaptar totalmente o currículo regular?
Quando falamos em reorganizar integralmente o percurso formativo, estamos nos referindo à criação de um planejamento individualizado que substitui os conteúdos acadêmicos previstos pela turma por experiências funcionais, sensoriais e socioemocionais.
Diferente das adaptações pontuais, que apenas ajustam estratégias ou materiais, essa abordagem modifica os objetivos centrais da escolarização.
Na prática, isso pode incluir atividades de comunicação alternativa, vivências de socialização, uso intensivo de tecnologias assistivas e ações que priorizem a qualidade de vida e a autonomia possível.
De acordo com o Decreto nº 7.611/2011 e a Nota Técnica MEC nº 04/2014, essa medida não deve ser vista como exclusão, mas como uma forma legítima de garantir o direito ao desenvolvimento e ao aprendizado, respeitando os limites de cada estudante.
Na sequência, vou mostrar como diferentes especialistas brasileiros fundamentam essa perspectiva.
O que dizem os principais especialistas sobre flexibilização curricular?
Diversos autores que se dedicam ao estudo da educação inclusiva destacam a importância de reconhecer que cada estudante precisa de percursos próprios de aprendizagem.
Maria Teresa Eglér Mantoan afirma que reorganizar as expectativas de aprendizagem pode ser a única forma de impedir que a escola se torne um espaço apenas simbólico.
Em suas palavras, “o aluno tem direito ao currículo que faça sentido para a sua vida e seu modo de aprender” (Mantoan, 2003).
Rosita Edler Carvalho também enfatiza que o percurso educativo deve ser flexível a ponto de se tornar individualizado sempre que necessário.
Para ela, modificar integralmente objetivos e conteúdos não significa excluir, mas garantir uma educação compatível com a singularidade de cada estudante.
Cláudia Werneck reforça que “ninguém pode ser excluído por não aprender da mesma forma que os outros”.
Seu trabalho lembra que reconhecer ritmos diferentes e formas variadas de participação é fundamental para combater preconceitos.
Débora Cristina do Nascimento complementa que a reorganização total do percurso formativo é um direito legal e ético.
Para ela, planejar atividades com foco funcional e sensorial demonstra respeito à dignidade do estudante e favorece sua participação real.
Se você ainda tem dúvidas sobre a legalidade dessa prática, o próximo tópico vai esclarecer os principais fundamentos jurídicos que amparam essa decisão.
Quais legislações respaldam a flexibilização curricular?
A reorganização completa do currículo não é uma concessão isolada da escola, mas um direito previsto em diferentes dispositivos legais.
Essas normativas confirmam que todo estudante tem direito a percursos de aprendizagem possíveis, considerando suas condições e necessidades específicas.
A Constituição Federal de 1988, no artigo 208, estabelece que a educação é direito de todos e dever do Estado, incluindo o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) reforça no artigo 59 que os sistemas de ensino devem assegurar currículos, métodos e recursos diferenciados, sempre que necessário.
O Decreto nº 7.611/2011 detalha que o AEE deve ocorrer de forma complementar ou suplementar ao ensino regular, mas, quando não houver possibilidade de acesso ao currículo comum, cabe reorganizar integralmente os objetivos.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) estabelece que a oferta de adaptações razoáveis, inclusive de conteúdos, é um direito inegociável.
Por fim, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reconhece que, em casos em que o estudante não consegue acessar as habilidades previstas, devem ser garantidos percursos personalizados, alinhados ao desenvolvimento global e funcional.
Se você quer aprofundar cada um desses dispositivos, recomendo consultar os textos oficiais que detalham essas garantias.
Como elaborar um planejamento individualizado na prática?
Para transformar todas essas orientações em ações concretas, é fundamental seguir algumas etapas que organizam o trabalho pedagógico de forma clara e objetiva:
Avaliação multidisciplinar
Reúna a equipe pedagógica, o AEE, profissionais da saúde e a família. Esse levantamento identifica potencialidades, barreiras e necessidades do estudante.
Definição de objetivos funcionais e socioemocionais
Estabeleça metas realistas, mensuráveis e alinhadas à qualidade de vida e à autonomia possível.
Registro formal do plano
Documente todas as decisões em um Plano de Atendimento Educacional Especializado (PAEE) ou documento equivalente, conforme a orientação da rede de ensino.
Elaboração de experiências significativas
Inclua rotinas estruturadas, estratégias de comunicação alternativa, uso de tecnologia assistiva e atividades sensoriais.
Acompanhamento e registros de progresso
Registre avanços, dificuldades e replaneje sempre que necessário. Esses relatórios comprovam o direito ao ensino e ajudam a monitorar o desenvolvimento.
Envolvimento da família
Mantenha reuniões regulares e escuta ativa. A parceria com a família fortalece a confiança e contribui para o processo de inclusão escolar.
A seguir, veja exemplos de objetivos e atividades adaptadas em cada etapa escolar.
Exemplos práticos de objetivos e experiências adaptadas
Educação Infantil
- Explorar materiais sensoriais variados.
- Participar de atividades coletivas com apoio constante.
- Usar pranchas de comunicação para expressar preferências.
Ensino Fundamental I
- Sinalizar escolhas em situações do cotidiano.
- Reconhecer espaços e pessoas do ambiente escolar.
- Desenvolver autonomia parcial em atividades de autocuidado.
Ensino Fundamental II
- Cumprimentar colegas com mediação.
- Utilizar tecnologias assistivas em diferentes contextos.
- Participar de atividades em grupo com regras simples.
Ensino Médio
- Fazer escolhas em situações reais.
- Desenvolver habilidades básicas de autocuidado.
- Vivenciar momentos de autonomia supervisionada.
Esses exemplos demonstram que é possível planejar experiências pedagógicas significativas e alinhadas às possibilidades de cada estudante.
Conclusão
A reorganização total do currículo é uma forma legítima de garantir o direito à aprendizagem e o respeito pelas singularidades de cada estudante.
Ao planejar propostas funcionais e individualizadas, você fortalece o compromisso com uma escola verdadeiramente inclusiva.
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Professora Camila Teles