Sou professora, pesquisadora e cinéfila apaixonada por temas ambientais — e posso te garantir: essa seleção de filmes sobre falta de água vai abrir sua mente e te deixar inquieto.
A escassez de água potável já é realidade em várias partes do mundo, e o cinema tem feito sua parte: alertando, chocando, ensinando e, muitas vezes, prevendo um futuro que já começou.
Aqui você vai encontrar verdadeiros alertas cinematográficos sobre o colapso ambiental que estamos vivendo.
São títulos que abordam desde conflitos geopolíticos causados pela água até distopias onde uma simples gota vale mais do que ouro.
Se você é professor, estudante ou apenas alguém que quer entender melhor o mundo em que vive, essa lista é para você.
E mais: ela pode ser usada em projetos de educação ambiental, em atividades para o Dia da Água ou até como conteúdo interdisciplinar nas suas aulas.
Continue lendo e descubra quais são os filmes mais impactantes sobre escassez de água — e por que eles devem ser assistidos o quanto antes.
Por que falar sobre escassez de água também é papel da escola?
Antes de continuar, preciso abrir um parêntese importante. Quando falamos sobre escassez de água, não estamos tratando de um tema aleatório ou exagerado.
A própria UNESCO já declarou que a crise da água é um dos maiores desafios do século XXI.
E segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (2023), mais de 2 bilhões de pessoas já vivem em regiões com acesso limitado à água potável — e esse número tende a crescer.
Na educação, esse cenário não pode ser ignorado. Como professora, eu acredito que é nosso papel trazer temas urgentes para a sala de aula de forma crítica, acessível e conectada à realidade dos alunos.
Quando uso filmes como recurso pedagógico, não é só para “ilustrar o conteúdo”, mas para provocar reflexão, desenvolver senso crítico e criar vínculos entre conhecimento escolar e os desafios do mundo real.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reforça a importância da formação de cidadãos conscientes, atuantes e comprometidos com a sustentabilidade. E o cinema — especialmente quando aborda questões ambientais — pode ser um aliado poderoso nesse processo.
Ele emociona, engaja e ajuda a construir repertório cultural e científico.
"Mad Max: Estrada da Fúria" (2015)
É um filme de ação e ficção científica dirigido por George Miller. Situado em um mundo pós-apocalíptico desolado, onde a água é um recurso mais valioso que ouro, o filme apresenta um cenário árido e caótico.
O protagonista, Max Rockatansky (interpretado por Tom Hardy), é um ex-policial que perambula pelo deserto, buscando sobreviver em solidão.
Capturado por Immortan Joe, um tirano que controla o acesso à água, Max se vê envolvido em uma luta pelo poder e pela liberdade.
A história se intensifica com a introdução de Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), uma guerreira que se rebela contra Immortan Joe, roubando um tanque de guerra para libertar as esposas dele, mantidas como escravas.
Max, inicialmente relutante, junta-se à Furiosa, resultando em uma aliança improvável. Juntos, eles enfrentam perseguições implacáveis em cenários desérticos, demonstrando temas de sobrevivência, tirania e redenção.
O filme é marcado por sequências de ação ininterruptas, efeitos visuais impressionantes e um enredo que enfatiza a brutalidade de um mundo onde a água é escassa.
"Mad Max: Estrada da Fúria" não é apenas um filme de ação, mas também uma reflexão sobre recursos naturais, poder e a luta humana pela sobrevivência em condições extremas.
"Acquaria" (2003)
É um filme brasileiro de aventura e ficção científica, dirigido por Flávia Moraes. Ambientado em um futuro distópico, o filme apresenta um planeta Terra onde as reservas de água doce se encontram severamente esgotadas devido às constantes agressões ambientais. A água, neste cenário, tornou-se o recurso mais valioso e escasso.
Os protagonistas, interpretados pelos irmãos Sandy e Junior Lima, vivem em Acquária, uma comunidade isolada que ainda possui acesso a uma fonte de água.
Eles sonham em encontrar a lendária "Água Viva", uma fonte de água pura e inesgotável, supostamente capaz de salvar o planeta da desolação.
Ao longo de sua jornada, eles enfrentam vários desafios e adversários, incluindo figuras que buscam controlar o acesso à água para fins egoístas.
"Acquária" é uma narrativa que mistura elementos de aventura e fantasia para abordar um tema grave e atual: a crise da água e suas implicações sociais e ambientais.
O filme destaca a importância da preservação dos recursos naturais e conscientiza sobre as consequências de uma possível escassez de água no futuro, incentivando a reflexão sobre sustentabilidade e responsabilidade ecológica.
"O Livro de Eli" (2010)
Dirigido por Albert e Allen Hughes, é um filme de ação e ficção científica ambientado em um mundo pós-apocalíptico.
Após uma guerra nuclear devastadora, a Terra se tornou um deserto árido, onde a água é extremamente escassa e preciosa.
Denzel Washington interpreta Eli, um homem solitário e misterioso que atravessa este mundo devastado com uma missão: proteger um livro sagrado que acredita ser a chave para a salvação da humanidade.
Ao longo de sua jornada, Eli enfrenta diversos desafios, incluindo ladrões, bandidos e um vilão carismático interpretado por Gary Oldman, que deseja se apoderar do livro para seus próprios fins.
Eli demonstra habilidades extraordinárias de sobrevivência e combate, guiado por sua fé e o desejo de cumprir sua missão.
O filme destaca a importância física da água em um mundo devastado e explora temas de fé, determinação e a luta pela preservação do conhecimento.
Visualmente impressionante e cheio de ação, "O Livro de Eli" oferece uma reflexão sobre o que significa ser humano em tempos de desolação extrema.
"Rango" (2011)
É uma animação dirigida por Gore Verbinski, que aborda de forma criativa e lúdica a questão da escassez de água.
O filme segue as aventuras de Rango, um camaleão doméstico que acidentalmente acaba em uma cidade do Velho Oeste chamada Dirt.
Este lugar, situado no meio do deserto, sofre com a grave escassez de água, um recurso tratado como extremamente valioso e controlado por poucos.
Ao longo da história, Rango, inicialmente um forasteiro desajeitado, acaba se tornando o xerife da cidade.
Ele enfrenta o desafio de desvendar o mistério por trás do desaparecimento da água em Dirt. A narrativa é pontuada por humor, personagens carismáticos e situações inusitadas, mas ao mesmo tempo, traz à tona reflexões importantes sobre gestão de recursos naturais e sustentabilidade.
Rango, com suas ações corajosas e determinação, inspira os habitantes de Dirt a confrontar os responsáveis pela crise de água, levando a uma aventura cheia de reviravoltas e descobertas.
O filme mistura elementos de comédia, ação e aventura, enquanto sutilmente educa o público sobre as graves consequências da escassez de água.
"O Futuro das Águas" (2022)
É um documentário que se debruça sobre os desafios críticos relacionados à gestão do saneamento e ao reúso de água.
Este filme, com duração de 29 minutos, apresenta uma visão abrangente e crítica da situação atual da disponibilidade hídrica e do saneamento, enfatizando a urgência de soluções sustentáveis.
O documentário inclui depoimentos de especialistas no setor hídrico, que discutem as implicações da crise da água e oferecem insights sobre práticas de manejo e conservação.
O filme aponta exemplos práticos de sucesso na gestão do saneamento e no reúso de água, tanto em prédios comerciais quanto na indústria, destacando a importância de uma abordagem inovadora e consciente.
Além disso, "O Futuro das Águas" chama atenção para a necessidade de uma reflexão profunda sobre o uso consciente da água e a adoção de políticas públicas eficazes para a preservação desse recurso vital.
Ele serve como um estímulo para a ação e conscientização, mostrando que a solução para a crise da água não depende apenas de tecnologia avançada, mas também de uma mudança fundamental na forma como valorizamos e gerenciamos a água.
"A Água que Falta" (2023)
É um documentário impactante que explora o uso histórico e atual da água, destacando sua importância vital e as consequências de sua escassez.
O filme aborda como a água, um recurso essencial para a vida, tem sido utilizada ao longo da história e como as práticas atuais estão afetando sua disponibilidade para as gerações futuras.
O documentário ilustra como a água é fundamental não apenas para o consumo humano, mas também para a agricultura, indústria e manutenção dos ecossistemas naturais.
Ele explora a realidade de diferentes comunidades ao redor do mundo, evidenciando os desafios enfrentados por áreas que sofrem com a falta de água e como isso afeta a vida diária das pessoas.
"A Água que Falta" também investiga as causas da escassez de água, incluindo mudanças climáticas, poluição e gestão ineficiente dos recursos hídricos.
O documentário faz um apelo à ação, incentivando os espectadores a refletir sobre o uso consciente da água e a necessidade de soluções sustentáveis para garantir sua disponibilidade no futuro.
"Waterworld" (1995)
Em um futuro devastado, onde as calotas polares derreteram e a Terra está completamente coberta por água, "Waterworld" apresenta uma das distopias mais viscerais já mostradas no cinema.
A falta de água potável se torna o novo pesadelo da humanidade: ironicamente, o planeta virou um imenso oceano, mas não há uma gota de água doce acessível.
O protagonista, interpretado por Kevin Costner, é um mutante solitário com habilidades de sobrevivência adaptadas ao novo mundo submerso.
Vivendo em um barco improvisado, ele navega por esse oceano sem fim em busca de recursos, enfrentando piratas conhecidos como "Smokers", que vivem saqueando as poucas comunidades flutuantes que ainda resistem.
A trama ganha força quando ele conhece uma mulher e uma criança que possuem um mapa tatuado com as coordenadas para o último pedaço de terra firme — uma espécie de Éden escondido.
A partir daí, começa uma jornada perigosa movida por esperança, sobrevivência e, acima de tudo, a luta pelo acesso à água potável e à terra seca.
"Waterworld" é mais do que um filme de ação pós-apocalíptico: é uma crítica direta ao descaso ambiental, ao aquecimento global e à consequência da má gestão dos recursos hídricos.
Com cenas impactantes, visuais grandiosos e um protagonista dividido entre o individualismo e o altruísmo, o longa se torna uma alegoria poderosa sobre o futuro que estamos construindo — e o que podemos perder se continuarmos ignorando os sinais da crise da água.
"Rango" (2011)
Se existe uma animação que realmente merece estar em uma lista sobre escassez de água, é "Rango". Dirigido por Gore Verbinski, o filme apresenta um universo inusitado onde a água desapareceu quase por completo e os animais tentam sobreviver no deserto, lutando para manter o pouco que resta desse recurso essencial.
Rango é um camaleão doméstico que, por acidente, vai parar em Dirt, uma cidade do Velho Oeste que vive uma grave crise hídrica.
Lá, ele é confundido com um herói e acaba nomeado xerife. Mas logo percebe que o sumiço da água não é coincidência: há interesses poderosos por trás da escassez.
A trama se transforma numa aventura crítica e inteligente, onde a corrupção, a manipulação e o controle da água por elites gananciosas são temas centrais.
Mesmo com um tom cômico e personagens caricatos, "Rango" é uma verdadeira metáfora sobre a disputa pelo controle da água, o impacto da seca nas comunidades e a urgência de um olhar mais humano e justo para os recursos naturais.
Com estética de faroeste e um roteiro afiado, essa animação vai muito além do entretenimento.
É, sem dúvida, a única animação que aborda diretamente o problema da falta de água — e pode ser usada com sucesso em projetos escolares e atividades de educação ambiental.
Como usar esses filmes em sala de aula ou projetos educativos?
Agora que você já conhece os principais filmes sobre escassez de água, vale saber como aproveitá-los de forma prática em projetos escolares, atividades interdisciplinares ou mesmo como sugestão de debate em casa.
Plataformas onde encontrar os filmes:
Muitos desses títulos estão disponíveis em plataformas gratuitas ou com acesso facilitado, como o YouTube Filmes, Pluto TV, GloboPlay, TV Escola, Tubi, além de programas de cinema ambiental promovidos por ONGs e secretarias de educação.Classificação indicativa sugerida
- Rango – livre para todos os públicos. Ideal para o 5º ao 9º ano.
- O Livro de Eli e Mad Max – recomendados para o Ensino Médio, com mediação crítica, devido à violência e temas densos.
- Waterworld e Acquaria – podem ser usados do 8º ano ao Ensino Médio, especialmente em projetos interdisciplinares.
- Documentários – ótimos para usar com turmas do 9º ano em diante, principalmente em atividades de pesquisa, produção textual e debates.
Esses filmes mostram, cada um à sua maneira, como a falta de água pode afetar vidas, sociedades e o planeta como um todo.
Eles não servem apenas como entretenimento, mas como alertas e ferramentas educativas para refletirmos sobre o presente e o futuro.
Qual desses filmes mais te impactou? Você já usou algum deles em sala de aula ou em projetos escolares?
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Sem tempo pra planejar tudo do zero?
Use o material completo que eu já aplico em sala — pronto, editável e alinhado à BNCC.
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Professora Camila Teles