Inteligência Artificial para Estudantes: Aprender Ou Copiar?


inteligencia artificial para alunos
Créditos: Freepik


Oi, professor (a)! Tudo bem com você? Hoje vamos falar sobre inteligência artificial para alunos e os impactos que ela já está trazendo para os nossos estudantes.

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Nos últimos tempos, tenho ouvido com frequência relatos de colegas sobre a mesma situação: “Os alunos estão recorrendo à inteligência artificial para qualquer tarefa.” 

E essa percepção não é exagero. A tecnologia já se tornou parte da rotina escolar, produzindo redações em segundos, entregando trabalhos perfeitos que pouco dialogam com o que foi tratado em aula, criando resumos sem leitura prévia e até montando apresentações completas. 

Nesse cenário, nós, professores, somos constantemente desafiados a refletir: como equilibrar o uso positivo da IA sem permitir que ela se transforme em uma dependência prejudicial ao aprendizado?

No meio disso tudo, nós, professores, tentamos entender até onde vai o limite entre um uso saudável e uma dependência perigosa. É sobre isso, que vou retratar neste texto. 

O verdadeiro desafio: como os alunos estão usando a IA

A inteligência artificial, por si só, não é um problema. Pelo contrário, pode ser uma ferramenta de apoio ao aprendizado. O risco está na forma como muitos estudantes a utilizam. 

Quando recorrem à IA sem reflexão ou mediação, ela deixa de ser um recurso pedagógico e passa a funcionar como uma “muleta”, comprometendo o desenvolvimento de habilidades essenciais como pensamento crítico, criatividade, autonomia e capacidade de argumentação.

Cada vez mais, ouvimos frases como “Vou pedir isso para o ChatGPT”, e de fato, os alunos já incorporaram a IA ao cotidiano escolar. 

O problema é que, embora o resultado final muitas vezes seja impecável, ele não reflete aprendizado real: o estudante não internalizou o conteúdo, apenas reproduziu algo pronto. 

Essa dependência cria a falsa sensação de competência e, a longo prazo, pode gerar um perfil de aluno fragilizado diante de desafios acadêmicos e profissionais.

A falsa sensação de competência

Esse é um dos pontos que mais me preocupa. Um aluno pode entregar uma redação impecável feita pela IA e aparentar domínio do conteúdo.

Mas, quando é solicitado a explicar com as próprias palavras, geralmente não consegue.

Isso ocorre porque o aluno não vivenciou as etapas essenciais da aprendizagem — pensar, cometer erros, revisar e reorganizar suas próprias ideias no texto.

Essa diferença aparece em momentos decisivos: em provas dissertativas, entrevistas, debates e até na atuação profissional, quando se exige argumentação e criatividade.

Um exemplo real sobre uso de IA por estudantes

Outro dia, meu filho, que está no 9º ano, me contou que a professora de História aplicou uma prova online no Google Forms e autorizou o uso de inteligência artificial. O resultado foi previsível: todos tiraram 10.

Como mãe e professora, fiquei preocupada. E claro, fui até a escola cobrar explicações. Esse episódio me fez refletir ainda mais sobre a forma como estamos lidando com o tema nas escolas. 

Trazer a tecnologia para a sala de aula é inevitável, mas entregá-la aos alunos sem orientação crítica é perigoso. 

Clique aqui e leia meu depoimento sobre como comecei a usar IA na minha prática docente.

Pesquisa Publicada Sobre o Uso de IA por Alunos 

Essa realidade não é apenas percebida no dia a dia, mas também confirmada por pesquisas. 

Um levantamento realizado em julho de 2024, pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) em parceria com a Educa Insights, entrevistou jovens de 17 a 50 anos, tanto já matriculados no ensino superior quanto os que pretendem ingressar.

A pesquisa revelou que 71% dos estudantes fazem com certa frequência de inteligência artificial. Entre eles, 29% afirmaram utilizar diariamente. 

Já 42% recorrem à ferramenta ao menos uma vez por semana.

Em 2023, esse número era de apenas 53%. Ou seja, em apenas um ano, o crescimento foi expressivo.

Outro dado importante é que o número de estudantes que conhecem ferramentas como ChatGPT e Gemini saltou de 69% em 2023 para 80% em 2024 — um aumento de 11 pontos percentuais em doze meses.

Benefícios percebidos pelos estudantes

Na perspectiva dos próprios alunos, as vantagens da IA são claras. Eles destacam o acesso imediato a informações atualizadas, a possibilidade de estudar a qualquer hora e em qualquer lugar e a agilidade para resolver dúvidas ou tarefas. 

Para muitos, isso representa a conveniência e também autonomia em meio a rotinas cada vez mais cheias de compromissos.

Os desafios também são reconhecidos

Apesar dos benefícios, os estudantes não deixam de reconhecer riscos. 

Entre as preocupações apontadas estão a diminuição da interação humana nos processos de aprendizagem, a dependência tecnológica que pode falhar a qualquer momento e a possibilidade de erros em avaliações automatizadas.

Esses receios mostram que eles mesmos percebem que a IA não pode substituir integralmente a experiência pedagógica. Ela precisa ser usada como apoio, e nunca como único recurso.

O papel do professor nesse novo cenário

Outro dado relevante é que 84% dos entrevistados acreditam que a inteligência artificial pode substituir parcialmente o trabalho docente, principalmente em tarefas operacionais, como estruturar aulas e corrigir atividades. 

Mas também deixam claro que a presença do professor continua indispensável.

O nosso papel, nesse contexto, é justamente atuar onde a tecnologia não chega: na mediação crítica, no desenvolvimento do raciocínio, no estímulo ao pensamento criativo e na formação humana.

Eu sempre completo com meus alunos: " No dia que vocês forem prestar uma prova oficial, não haverá IA disponível. Lá ou você sabe ou está fora".

O olhar para o futuro profissional

Quando o assunto é mercado de trabalho, os estudantes se mostram mais cautelosos. 14% responderam que Apenas 14% disseram que suas profissões na vida adulta serão absolutamente substituídas por máquinas. 

A maioria, 78%, enxerga a tecnologia como apoio estratégico, variando conforme a área.

Isso mostra que eles reconhecem o impacto da IA, mas ainda acreditam no valor insubstituível da atuação humana em várias frentes.

O papel das instituições de ensino

O levantamento ainda revelou que 74% dos estudantes consideram fundamental que as instituições invistam em inteligência artificial. 

Para eles, isso envolve não apenas a infraestrutura tecnológica, mas também a capacitação dos professores para lidar com essas ferramentas de forma ética e pedagógica.

Esse dado reforça que não basta disponibilizar tecnologia: é preciso formar educadores para orientar o uso consciente.

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Como tornar a IA uma parceira da aprendizagem

Banir a inteligência artificial pode soar como a saída mais fácil, mas não elimina a questão. Fingir que ela não existe também não funciona. 

O desafio real é encontrar formas de integrá-la como apoio ao processo educativo.

Já promovi rodas de conversa com alunos sobre o tema e fiquei surpresa. Eles sabem muito mais do que imaginamos, mas também carregam dúvidas, receios e até sentimentos de culpa por usar a tecnologia em excesso. 

Esse tipo de diálogo abre espaço para consciência crítica.

Em algumas turmas, propus atividades comparativas: pedi que analisassem uma redação feita por IA e uma escrita por eles mesmos. 

Em outra ocasião, solicitei que entregassem um trabalho identificando quais trechos foram feitos com apoio da IA e quais foram escritos pessoalmente. 

Em ambos os casos, o resultado foi positivo: os alunos começaram a perceber diferenças e refletir sobre autoria.

Outro exemplo foi um desafio que propus a um estudante. Ele confessou ter usado IA para entregar uma redação perfeita. 

Ao invés de repreendê-lo, sugeri que revisássemos juntos o texto. Ele trocou palavras, reorganizou ideias, acrescentou exemplos pessoais. No final, o texto passou a ter a identidade dele.

Essas experiências mostram que é possível usar a tecnologia como apoio, desde que haja acompanhamento.

Conclusão

Se você chegou até aqui, provavelmente compartilha da mesma preocupação: como equilibrar o uso da inteligência artificial por alunos. As ferramentas de IA chegaram para ficar mesmo.

O que não podemos fazer é negar a realidade. Os alunos já estão usando a IA, com ou sem a nossa orientação. Cabe a nós decidirmos: vamos ignorar, proibir ou assumir o papel de guiar esse processo?

Se você ainda não domina o uso de IA em sua prática, busque formação. Conheça recursos, entenda como aplicar em sala e mostre aos seus alunos que a tecnologia pode ser uma parceira, desde que usada com consciência.

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Um curso que vai elevar sua prática e produtividade para outro nível. 

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