![]() |
Créditos: Freepik |
Oi, professor(a)! Hoje vamos falar sobre tecnologia no ensino — um tema que, apesar de parecer moderno e promissor, ainda gera receio, confusão e sobrecarga na rotina de muitos educadores.
continue
Quantas vezes você já se viu tentando usar uma ferramenta digital na sala de aula e, no fim, sentiu que perdeu tempo em vez de ganhar?
Ou pior: foi cobrado por "inovar", sem receber a formação necessária? A verdade é que, para muitos de nós, a tecnologia chega como mais uma tarefa — e não como solução.
A sensação de estar sempre correndo atrás, tentando entender o novo, enquanto lida com salas cheias, pouco tempo de planejamento e resultados exigidos, pode ser desanimadora.
Não é falta de vontade — é falta de apoio real, formação prática e políticas que considerem o chão da escola.
Mas hoje quero te mostrar que é possível mudar essa relação. Quando a tecnologia é usada com intencionalidade pedagógica, ela deixa de ser um peso e se torna uma aliada. Vamos conversar sobre isso?
O que é tecnologia no ensino? Uma visão além dos equipamentos
Muito se fala sobre tecnologia na educação, mas é importante entender que não estamos nos referindo apenas a computadores, internet ou lousas digitais.
O conceito é bem mais amplo e está ligado à forma como os recursos — digitais ou não — são utilizados para mediar o processo de ensino-aprendizagem.
Segundo o professor José Manuel Moran, um dos principais pesquisadores brasileiros sobre inovação educacional, tecnologia no ensino não é apenas “usar aparelhos”, mas rever metodologias e criar ambientes de aprendizagem mais dinâmicos e centrados no aluno.
Para ele, a tecnologia só faz sentido quando está a serviço de uma proposta pedagógica bem definida.
Já a professora Léa Fagundes, pioneira na defesa do uso das tecnologias nas escolas públicas brasileiras, argumenta que a tecnologia é uma mediação do conhecimento, e não um fim em si mesma.
Ela destaca que, quando bem orientada, a tecnologia pode potencializar a aprendizagem, ampliando as possibilidades de participação dos alunos e promovendo a inclusão.
Esses dois conceitos nos ajudam a entender que não se trata apenas de modernizar a escola, mas de repensar a forma como ensinamos.
A introdução das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) nas escolas brasileiras começou a ser discutida mais fortemente nos anos 1990, com o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo), mas os desafios estruturais e de formação persistem até hoje.
Entender a tecnologia como um instrumento pedagógico — e não como um fim — é o primeiro passo para usá-la de forma significativa.
Por que muitos professores ainda resistem à tecnologia?
Apesar de todos os avanços e incentivos, ainda encontramos uma resistência considerável por parte dos professores ao uso da tecnologia.
E essa resistência não é preguiça, falta de interesse ou aversão ao novo — como alguns discursos tentam nos convencer. Ela tem razões concretas.
O primeiro ponto é a falta de formação continuada, prática, contextualizada e acessível. Muitos cursos oferecidos não dialogam com a realidade da sala de aula e acabam sendo mais um item na agenda já sobrecarregada do professor.
Como aplicar ferramentas digitais se ninguém nos ensinou como integrá-las ao currículo?
Outro obstáculo é a infraestrutura precária. De acordo com a pesquisa TIC Educação 2023 (Cetic.br), 40% das escolas públicas ainda não possuem internet com velocidade adequada para atividades pedagógicas.
Além disso, há relatos frequentes de computadores desatualizados, falta de técnicos para manutenção e ambientes improvisados.
Também há um medo silencioso: o de ser substituído por máquinas ou de que a tecnologia desvalorize o papel docente.
Essa insegurança é compreensível, especialmente diante de discursos que exaltam a “automatização da educação”, sem considerar o papel central do professor como mediador do conhecimento.
Resistir, nesse contexto, é uma forma de autoproteção. Mas a boa notícia é que, com o uso consciente e contextualizado, a tecnologia pode aliviar a rotina docente e ampliar a nossa atuação — e não nos substituir. Falei sobre esse tema aqui.
Como a tecnologia se torna aliada do professor?
Quando pensamos em tecnologia como aliada, precisamos sair da ideia de “mais uma ferramenta” e começar a ver como ela pode facilitar nosso trabalho e potencializar a aprendizagem dos alunos. A chave está na intencionalidade pedagógica e na simplicidade de uso.
Ferramentas e estratégias que funcionam na sala de aula
- Gamificação: O uso de jogos educativos digitais pode tornar a revisão de conteúdos mais atrativa e dinâmica. Ferramentas como Kahoot!, Quizizz e Wordwall permitem criar atividades que despertam o interesse da turma e estimulam até mesmo os estudantes com menor engajamento.
- Ambientes virtuais de aprendizagem: Plataformas como o Google Sala de Aula possibilitam ao professor organizar materiais, acompanhar o progresso dos alunos e realizar devolutivas de forma mais ágil. Isso contribui para otimizar o tempo e fortalecer o vínculo pedagógico no dia a dia.
- Canva for Education: Um recurso versátil para criar apresentações, infográficos, mapas mentais e até vídeos curtos. Pode ser usado tanto pelo professor quanto pelos alunos em projetos interdisciplinares.
- Metodologias ativas e ensino híbrido: A tecnologia permite que o aluno estude parte do conteúdo em casa (vídeos, jogos, podcasts) e chegue na sala pronto para discutir, resolver problemas ou aplicar o que aprendeu.
- Inteligência artificial e personalização: Ferramentas baseadas em IA podem auxiliar na identificação de dificuldades específicas dos alunos e propor atividades adaptadas ao nível de cada um.
Mais importante do que conhecer muitas ferramentas é saber como e quando usá-las. O uso pontual, alinhado aos objetivos de aprendizagem, faz toda a diferença. E sim, é possível começar aos poucos, com uma única ferramenta bem aplicada.
O futuro da educação é digital: estamos preparados?
A digitalização da educação não é mais uma tendência — é uma realidade em expansão. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já prevê o desenvolvimento de competências digitais e a formação de alunos críticos diante do uso da tecnologia.
Políticas públicas como o Programa Educação Conectada, do Ministério da Educação, têm como objetivo integrar a tecnologia às práticas pedagógicas, mas os avanços ainda são lentos. Em muitas escolas, essa integração depende da iniciativa individual dos professores.
O papel do educador está mudando. Mais do que transmitir conteúdo, espera-se que ele seja um designer de experiências de aprendizagem, que media, orienta e estimula a autonomia dos estudantes.
A tecnologia pode ser uma aliada poderosa nesse processo — desde que seja usada com propósito e formação adequada.
continue
Por isso, o preparo não é apenas técnico, mas também pedagógico e ético. Precisamos entender os impactos da tecnologia, suas limitações e possibilidades, e garantir que seu uso esteja sempre a favor da aprendizagem e da humanização da educação.
FAQ: perguntas frequentes sobre tecnologia no ensino
-
Como a tecnologia pode melhorar a aprendizagem dos alunos?
A tecnologia permite personalizar o ensino, ampliar o acesso à informação e tornar as aulas mais interativas e significativas. -
Quais são os maiores desafios no uso de tecnologia na sala de aula?
Falta de formação, infraestrutura inadequada e resistência cultural são os principais obstáculos enfrentados pelos professores. -
O professor precisa ser expert em tecnologia para usá-la?
Não. O importante é ter clareza pedagógica e saber como a tecnologia pode contribuir com o objetivo da aula. O domínio técnico pode ser desenvolvido com o tempo. -
Quais são os melhores aplicativos para usar na educação básica?
Kahoot!, Google Sala de Aula, Canva, Quizizz, Wordwall, Jamboard, entre outros. A escolha depende do objetivo da aula e do perfil da turma. -
O que diz a BNCC sobre o uso de tecnologia no ensino?
A BNCC prevê o uso das tecnologias digitais de forma transversal e recomenda o desenvolvimento da cultura digital como uma das competências gerais. -
É possível aplicar tecnologia mesmo sem laboratório de informática?
Sim. Muitos professores usam seus próprios celulares e projetores, além de estratégias offline que envolvem recursos tecnológicos básicos. -
A tecnologia substitui o professor?
Não. A tecnologia é uma ferramenta. O professor continua sendo insubstituível como mediador, orientador e formador de cidadãos críticos.
A tecnologia no ensino não é um milagre que resolve todos os problemas da educação.
Mas quando compreendida como uma aliada e usada com intencionalidade, ela pode facilitar o nosso trabalho, ampliar possibilidades de aprendizagem e aproximar a escola do mundo em que os alunos vivem.
É importante que essa transição para o digital ocorra de forma consciente, crítica e com apoio institucional.
Mais do que “inovar por inovar”, precisamos garantir que cada recurso usado na sala de aula tenha um propósito pedagógico claro.
Espero que este texto tenha te ajudado de alguma forma.
Peço que você deixe seu comentário e compartilhe este artigo usando os botões abaixo.
👉Conheça o pacote de atividades e planos de aulas prontos para aplicar clicando aqui.
0 Comentários
Gostou do conteúdo?
Compartilhe e participe do debate deixando seu comentário.
Inscreva-se para receber novidades!
Faça parte da nossa comunidade de aprendizado.
Obrigada por ler e compartilhar!
Professora Camila Teles