Maceió enfrenta risco de afundamento do solo devido a extração de Sal-Gema


A estrutura geológica de Maceió, localizada no estado de Alagoas, Brasil, é caracterizada por uma configuração predominantemente sedimentar. A região faz parte da bacia sedimentar costeira conhecida como Bacia Sedimentar do Alagoas, que é uma extensão da Bacia Sedimentar de Sergipe-Alagoas.

Essa bacia sedimentar é composta por uma sucessão de rochas sedimentares formadas ao longo do tempo geológico. Em Maceió, essas rochas incluem camadas de arenito, argilito, calcário e outras rochas sedimentares. Esses depósitos sedimentares são geralmente associados a ambientes marinhos, evidenciando a influência do mar na evolução geológica da região.

Além disso, é importante mencionar a presença de sal-gema na área, que é explorada industrialmente. A exploração de sal-gema desempenhou um papel significativo na economia local, mas também trouxe desafios geotécnicos, como rachaduras no solo e afundamento, como evidenciado pelos eventos recentes em Maceió.

Portanto, a estrutura geológica de Maceió é fortemente influenciada por depósitos sedimentares costeiros, com a presença de rochas sedimentares variadas e a exploração de recursos minerais, como o sal-gema, que têm implicações geotécnicas importantes para a região.

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Como é feita a extração de Sal-Gema?

A extração do sal gema é um processo que envolve a recuperação desse mineral a partir de depósitos subterrâneos, geralmente formados pela evaporação antiga de mares ou lagos. O sal-gema é uma variedade de sal que se apresenta na forma de cristais e é composto principalmente por cloreto de sódio (NaCl). Aqui está uma explicação simplificada do processo de extração do sal gema:

Os depósitos de sal-gema são encontrados em subsolos profundos, muitas vezes a centenas de metros abaixo da superfície. Esses depósitos são identificados por meio de estudos geológicos que mapeiam a presença e extensão do sal gema.

Uma vez localizado o depósito de sal-gema, são perfurados poços ou túneis para alcançar a camada onde o sal está localizado. Esses poços podem ser verticais ou inclinados, dependendo da configuração geológica do depósito.

Existem dois métodos principais para a extração do sal. O primeiro é a extração mecânica, onde máquinas ou equipamentos especializados são utilizados para retirar o sal do subsolo. Esse método é comum quando o sal está em camadas relativamente espessas e de fácil acesso.

O segundo método é a dissolução do sal em água. Nesse caso, a água é injetada nos depósitos de sal, dissolvendo-o e formando uma solução salina. Essa solução é então bombeada para a superfície, onde o sal é posteriormente recuperado através da evaporação da água.

Após a extração, o sal bruto passa por processos de purificação para remover impurezas. Isso pode incluir a lavagem do sal, a remoção de minerais não desejados e outros tratamentos para garantir a qualidade do produto final.

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Importância econômica do Sal-Gema

O sal-gema extraído é utilizado em uma variedade de indústrias. Na indústria química, é frequentemente utilizado na produção de soda cáustica e cloro. Na indústria alimentícia, é um componente essencial para o processamento de alimentos e para a produção de sal de mesa. Além disso, o sal também é comumente utilizado para o descongelamento de estradas em países com climas frios e sujeitos à formação de gelo nas vias durante o inverno.

Portanto, a extração do sal gema é um processo que combina métodos geotécnicos para acessar os depósitos e métodos industriais para processar o sal bruto e torná-lo adequado para diversas aplicações.

Impactos ambientais,  tremores e alterações na estabilidade geológica da região

A extração do sal-gema pode envolver a remoção de grandes volumes de material do subsolo. Isso cria espaços vazios ou cavidades subterrâneas, o que pode levar a alterações na estabilidade geotécnica do solo. À medida que o sal é retirado, as camadas superiores podem entrar em colapso para preencher o espaço vazio, desencadeando tremores.

A retirada do sal pode causar o afundamento do solo acima dos depósitos de sal. Esse afundamento pode ocorrer de maneira lenta e gradual, mas também pode ser acompanhado por tremores à medida que o solo se ajusta às mudanças na estrutura geológica.

Durante milhões de anos, as camadas de sal foram submetidas a pressões e tensões naturais. Ao retirar o sal, essas tensões podem ser liberadas, resultando em movimentos sísmicos. A liberação rápida de tensões acumuladas pode se manifestar como tremores de terra.

A geologia local desempenha um papel crucial. Se a área já for propensa a atividade sísmica devido à presença de falhas geológicas ou a outras características específicas, a extração do sal pode desencadear ou intensificar esses eventos.

Em algumas operações de mineração de sal, especialmente quando se utiliza o método de dissolução, a injeção de água nos depósitos de sal pode alterar a pressão e a estabilidade do solo, contribuindo para a ocorrência de tremores.

Em alguns casos, os tremores podem ser considerados eventos induzidos, nos quais as atividades humanas, como a mineração, desencadeiam eventos sísmicos que, de outra forma, não teriam ocorrido naturalmente.

É importante destacar que o entendimento exato das causas dos tremores associados à extração de sal gema pode variar dependendo das condições geológicas específicas de cada local. Monitoramento sísmico contínuo e estudos geológicos são essenciais para entender e mitigar os riscos associados a essas atividades de mineração.

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Risco de Colapso Geológico em Maceió

Maceió, a encantadora capital de Alagoas, está enfrentando uma situação geológica crítica devido à exploração mineral na região. 

Desde a década de 1970, a mineração de sal-gema pela Braskem, tem sido uma atividade autorizada na região. A extração de sal-gema, utilizada na produção de soda cáustica e PVC, tornou-se uma parte significativa da paisagem geológica de Maceió.

Entretanto, problemas começaram a surgir em 2018, quando rachaduras e tremores foram detectados no bairro do Pinheiro. O Serviço Geológico do Brasil confirmou que a mineração era a causa da instabilidade do solo, levando à desocupação de mais de 14.000 imóveis em áreas afetadas.

O mês de novembro de 2023 trouxe uma nova onda de preocupações. A Defesa Civil de Maceió emitiu um alerta máximo devido ao risco iminente de colapso em uma das minas da Braskem, especialmente na Mina 18, próxima à Lagoa Mundaú. A intensificação dos sismos e a possível formação de crateras gigantes destacam a gravidade da situação.

A evacuação de bairros inteiros,  demonstra a urgência das medidas adotadas para proteger a população. O desabamento da Mina 18 poderia resultar em um efeito cascata, afetando outras minas e formando uma cratera significativa. A interrupção temporária do processo de fechamento das minas devido aos registros sísmicos adiciona uma camada de complexidade ao desafio geológico.

Diante dessa ameaça iminente, a Defesa Civil de Maceió, em conjunto com a Braskem, tem trabalhado arduamente para monitorar e mitigar os riscos. A empresa informa que o fechamento das minas está em fase avançada, com 70% de progresso, e prevê a conclusão entre o final de 2024 e o início de 2025.

A evacuação de mais de 14.000 imóveis gerou impactos sociais e econômicos significativos. O programa de compensação financeira e apoio à realocação busca minimizar esses impactos, oferecendo suporte às comunidades afetadas.

Maceió enfrenta um desafio geológico sem precedentes, exigindo uma abordagem cautelosa e colaborativa das autoridades, especialistas geológicos e da empresa responsável. 

A população aguarda respostas detalhadas e ações assertivas para garantir a segurança e o bem-estar das comunidades locais diante dessa ameaça iminente. 

A situação permanece fluida, mas a transparência nas informações é de grande importância  para lidar com os desdobramentos futuros.

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