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É agora ou nunca: a saúde mental dos professores chegou ao limite — e adiar essa conversa por mais um semestre significa perder aulas, colegas e, em muitos casos, a própria carreira.
Eu escrevo em primeira pessoa porque vivo esse cenário nos corredores e porque sei que você também sente o peso, especialmente em redes densas como São Paulo e Rio de Janeiro.
Para você não largar este texto no meio, vou ser direta: nas próximas seções eu mostro o que os dados mais recentes revela sobre o tema.
Explico por que a combinação de turmas cheias, violência e falta de suporte está nos adoecendo.
Trago as mudanças estruturais que precisam acontecer agora (com equipe e orçamento) e, por fim, apresento ações práticas que a escola pode implementar "para ontem enquanto" enquanto não há políticas públicas eficientes para dar suporte, ao que realmente precisamos.
Se você quer entender o tamanho do problema e sair com caminhos reais de ação, siga comigo.
Dados Recentes Da Saúde Mental Docente
Piora Perceptível E Mensurável
Em 2022, uma pesquisa nacional já registrava que 21,5% dos docentes avaliaram a própria saúde mental como ruim ou muito ruim, com ansiedade, exaustão e distúrbios do sono no topo das queixas.
Em São Paulo, levantamento destacou que 64% dos professores da rede municipal relataram problemas psicológicos como estresse e depressão.
Esses percentuais combinam com o cotidiano: planejamento espremido, metas infladas e a culpa deslocada para quem adoece.
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SP E RJ: Estresse Ocupacional dos Professores e a Violência
Na rede estadual paulista, mais de 43 mil professores pediram afastamento por saúde mental em um único ano — 14% acima do auge da pandemia.
Traduzindo: são dezenas de educadores por dia deixando as salas não por escolha, mas por colapso.
Eu vejo as turmas “rodando” de substituto e o clima de sobrecarga aumentando para quem fica.
Sobrecarga, Metas E Burnout em Educadores
O ambiente também ficou mais hostil. Entre 2021 e 2025, as ameaças a escolas nas redes sociais cresceram 360%.
Isso se traduz em plantões de pânico, protocolos improvisados, boatos que se espalham e uma tensão que nos acompanha até em casa.
Ensinar com esse pano de fundo consome energia emocional que nenhuma “campanha motivacional” repõe.
Por Que São Paulo E Rio De Janeiro São O Epicentro dos Afastamentos?
São Paulo: Volume, Pressão E “Soluções” Paliativas
Em SP, o tamanho da rede potencializa qualquer falha: a combinação de salas cheias, falta de pessoal, metas e vigilância digital empurra muita gente ao limite.
Quando chegam ações de apoio psicológico, quase sempre surgem como projetos-piloto, incapazes de cobrir a demanda.
Enquanto isso, a fila de licença cresce — e a mensagem implícita é: “volte assim que der”. Eu já voltei antes da hora. Não recomendo.
Rio De Janeiro: Carência Crônica E Adoecimento Precoce
No RJ, a própria rede reconhece carência de pelo menos 9,5 mil professores, e o sindicato fala em número ainda maior. Resultado?
Jornadas quebradas em várias escolas, acúmulo de turmas e corrida para dar conta do básico — terreno fértil para burnout.
A cidade aprovou um Programa de Saúde Mental para a comunidade escolar, um avanço importante, mas que ainda precisa sair do papel com orçamento e equipe.
Eu quero ver psicólogos e assistentes sociais na escola, não só no Diário Oficial.
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O Que Adoecemos Dizendo “Sim” O Tempo Todo
A Pedagogia Do Improviso Eterno
Planejar com turmas lotadas, cumprir metas competitivas, registrar tudo em múltiplas plataformas e ainda mediar conflitos graves — tudo isso na mesma manhã — virou o padrão.
O discurso da “vocação” vira violência simbólica quando o Estado terceiriza para o indivíduo aquilo que é política pública: tempo de planejamento, turmas menores, segurança, equipes multiprofissionais e gestão adequada da carga de trabalho.
Quando A Notícia Vira Espelho
Nos últimos meses, reportagens e análises trouxeram relatos de depressão, ansiedade e afastamentos longos entre professores.
Eu me enxergo nesses textos: a tentativa de retornar antes da alta plena, a culpa por “deixar a escola na mão” e a sensação de que ninguém está de fato cuidando de quem cuida.
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Medidas Urgentes De Cuidado Psicossocial para Educadores
Cobertura Real De Saúde Mental
Quero ver equipes multiprofissionais (psicologia, psiquiatria, serviço social) por diretoria/coordenadoria regional, com porta de entrada clara, tempo de espera público e meta de reduzir afastamentos. Programa sem equipe e orçamento é panfleto.
Segurança Conectada Com Educação
Protocolos de prevenção e resposta a ameaças com monitoramento contínuo, comunicação transparente com famílias e suporte imediato ao docente afetado (jurídico e psicológico). A estatística das redes sociais não pode continuar batendo à nossa porta sem resposta.
Gente Suficiente, Turmas Menores
No RJ, repor quadros deixou de ser pauta corporativa: é condição de sanidade para a rede. Em SP, redimensionar turmas e garantir substituição rápida evita efeito dominó de sobrecarga. Sem isso, seguimos enxugando gelo.
Tempo Pedagógico Protegido
Tempo remunerado de planejamento, redução de burocracias redundantes e revisão do uso de plataformas que não agregam à aprendizagem. O professor precisa voltar a ensinar — e não só cumprir checklist.
Caminhos Que A Escola Pode Acionar Enquanto A Política Não Chega
Triagem E Acolhimento Em Rede
Organizar polos quinzenais de acolhimento (psicologia) por território escolar, priorizando quem retorna de licença. Some a isso fluxos claros com CAPS/SUS para continuidade do cuidado.
Protocolos De Crise
Criar canais internos de denúncia (24–72h de retorno), simulações de procedimentos e um roteiro de comunicação padrão para evitar pânico. Isso reduz a ansiedade difusa que nos corrói.
Cuidado Entre Pares Com Método
Grupos de apoio entre docentes com facilitação técnica (não é “desabafo solto”) ajudam a reduzir "presenteísmo" e afastamentos reincidentes. Evidências em redes e estudos institucionais já apontam ganho de clima e retenção.
Eu me recuso a tratar a saúde mental dos professores como “tema motivacional”. O que nos adoece tem CNPJ e CEP: superlotação, carência de pessoal, violência crescente e políticas que falam de cuidado sem comprar equipe e sem reduzir carga.
Em São Paulo e Rio de Janeiro, onde o impacto é maior, a conta chega todo dia: aulas interrompidas, afastamentos em série e uma sensação de abandono que nenhuma palestra resolve.
Se quisermos escolas que ensinem de verdade, precisamos proteger quem ensina — com orçamento, equipe, segurança e tempo.
Eu sigo aqui, cobrando e construindo o que dá por dentro da escola. Mas o recado está dado e documentado nas manchetes: sem cuidar de nós, o sistema quebra — e quando o sistema quebra, é o futuro dos estudantes que se parte junto.
📌Recursos que eu uso e indico:
👉Pacote de aulas prontas todas as disciplinas.
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Professora Camila Teles